segunda-feira, 27 de abril de 2009

Quanto vale uma vida em África.


Nada, é morrer e chorar pelos que vão desta vida, os cemitérios aumentaram e nem tem espaço. A verdade é que são poucos os que tem uma morte digna. Outros morrem de forma estúpida. Pois quem já perdeu um familiar, e na última caminhada em que transporta o coveiro o falecido, até ao seu repouso final entendemos, na sua biografia, que aquela vida ainda não era chegado o seu momento. pensamos! que destino cruel, essa terra vermelha que bate sobre o caixão, olhamos e vai na alma o sentimento de impotência, frustração e perdição. Quando vivemos diariamente esse espectáculo horrendo da morte em África entendemos que a história da Europa antiga não é a mesma que de África de hoje.
África está de luto, com o som dos ventos ouviram as lamúrias dos povos, daquela gente das aldeias e das cidades.
Poucos puderam dizer "chegou a minha hora, partirei em paz", no seu leito de morte vendo pela última vez os seus entes queridos. Mortes como essa em África acontecerão. Hoje os velhos já são poucos e esses até já enterram filhos e netos. Pois é normal, pensar assim que os velhos que ainda restam, viverão mais que a nova geração. É um paradoxo, mas no beco da humanidade temos de encarar a realidade sóbrios, pois fala se em catástrofes humana, em violações dos direitos humanos, epidemias, violência e guerra.
As histórias já não são o que eram e os problemas também não, agora vivemos com receio do que poderá acontecer no dia de amanha, pois vem o mar e as chuvas, já vivemos nesta ilusão e os animais doentes, atacam as nossas crianças, coitadas muitas, não conheceram a velhice. O seu ciclo de vida é-lhe roubado das mais diversas e cruéis formas.

Termino com um poema de Luís de Camões.


Alma minha gentil, que te partiste


Alma minha gentil, que te partiste

Tão cedo desta vida,descontente,

Repousa lá no Céu eternamente

E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,

Memória desta vida se consente,

Não te esqueças daquele amor ardente

Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te

Alguma cousa a dor que me ficou

Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,

Que tão cedo de cá me leve a ver-te,

Quão cedo de meus olhos te levou.

1 comentário:

  1. Compatriota Marcos Prado, é com imenso gosto que o registamos entre os amigos do Blog Angola, Debates & Ideias(www.angodebates.blogspot.com). Muito obrigado pela consideração e fica a promessa de incluirmos link do "nosso" Blog Olhos de Lince assim que acontecer mais uma revisão/actualização editorial no Angodebates.

    Quanto à tua crónica, de que deduzi tratar-se de um contexto não muito distante do autor, pois a dor é geralmente melhor descrita por quem a suporta, fica o meu "toque no ombro". Vamos seguindo...
    Gociante Patissa

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